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A sociedade mundial, por Rudolf Stichweh

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Rudolf Stichweh (Universidade de Bonn, Alemanha)

Traduzido por Marcelo Fetz

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Resumo

O artigo inicia com um quadro geral sobre quatro mecanismos centrais na formação da sociedade mundial: comunicação, migração, observação e conhecimento. Os três primeiros podem ser vistos como fatores dinâmicos que causam e movimentam variáveis na sociedade mundial, enquanto o conhecimento (mundial) é um tipo de estoque de resultados temporários dessas operações dinâmicas. Examinamos na segunda parte a dimensão semântica, os conceitos e as teorias e sua acumulação ao longo de dois mil anos, os quais preparam a ideia e a realização estrutural da sociedade mundial como sendo o sistema social mais extenso que inclui toda a socialidade em sua definição. Introduzimos na terceira parte o conceito de “Estruturas próprias da sociedade mundial” (Eigenstructures of World Society), estruturas auto-reforçadoras que igualmente preparam a sociedade mundial, pois são o resultado do surgimento deste sistema. Seis candidatas para estruturas-próprias (Eigenstructures) são apresentadas: diferenciação funcional, pequenas redes mundiais, organizações formais, comunidades epistêmicas, sistemas de interação global e eventos mundiais. Todas elas demonstram a unidade da formação estrutural e da autodescrição, característicos da sociedade mundial

1. Conceitos

O conceito de sociedade mundial postula a existência de apenas um sistema societal que inclui, em seu domínio, todas as comunicações e ações no mundo. Esta é uma circunstância histórica imprevista, apenas surgida nos últimos séculos (desde 1400 aproximadamente) como consequência da gênese dos grandes impérios coloniais e da crescente interconectividade do mundo, e isso pela primeira vez na história. Sociedades podem ser identificadas há quarenta ou cinquenta mil anos atrás (por exemplo, sociedades de caçadores-coletores quase completamente independentes entre si) ou, ao menos, grandes e inúmeros sistemas societais coexistentes (na forma de impérios e civilizações presentes entre os últimos quatro e seis mil anos). A hipótese da sociedade mundial não se destina a uma compreensão analítica (ou seja, não é deduzida de procedimentos conceituais) e tampouco deve ser interpretada como uma espécie de utopia. Em vez disso, ela afirma empiricamente a ocorrência de circunstâncias na história das sociedades que são singulares e dependentes de formas de interconectividade e interdependência mundial qualitativamente novas. Conectividade e interdependência são, portanto, conceitos-chave em uma teoria da sociedade mundial. A sociedade mundial baseia-se na conectividade global, mas isso não significa que tudo esteja conectado a tudo e que as dependências sejam onipresentes. A formação de estruturas da sociedade mundial é realizada por meio de conectividade seletiva e por meio de interrupções de dependência.

A comunicação é a operação elementar, é a base operacional de todos os eventos na sociedade mundial.[1] Toda comunicação envolve pelo menos dois participantes inter-relacionados pelo ato comunicativo. É característico para a sociedade mundial que outros possam ser atingidos como participantes da comunicação. Esta capacidade comunicativa detida por qualquer pessoa é uma importante decorrência da hipótese da sociedade mundial: uma canção de sucesso pode ser ouvida por qualquer outra pessoa; uma mercadoria econômica atraente (por exemplo, um telefone celular) pode ser comprada por qualquer pessoa na sociedade mundial; um evento esportivo pode ser observado por qualquer membro do público esportivo global; um sistema de crença religiosas pode comover qualquer como possibilidade de conversão religiosa.

Além da capacidade de alcançar outros, o “acompanhamento” (‘Anschließen’) pode ser identificado como a outra condição decisiva para a mediação da interação da comunicação e da sociedade mundial. Se qualquer um pode ser potencialmente alcançado por uma comunicação na sociedade mundial, isso significa que qualquer outro indivíduo pode iniciar comunicações que seguem a primeira – e essas comunicações que seguem comunicações anteriores são as unidades operacionais que realizam a mediação dos efeitos globais de cada comunicação significativa e as transferem às novas regiões da sociedade mundial. Acompanhá-las, então, requer um número significativo de entendimentos alternativos: contradizer, concordar com algo, aceitar e repetir, interpretar, restringir ou expandir. Para o sistema da sociedade mundial, é característico que as comunicações de seguimento surjam até mesmo em locais onde as mesmas não são esperadas. Os tribunais constitucionais, por exemplo, começam a abandonar o espaço delimitado pela interpretação nacional do direito constitucional para citar decisões de tribunais de países distantes.

A comunicação depende da mídia, fator indispensável para sua produção e transferência. A fala é o meio mais básico de comunicação e ela vincula a comunicação à co-presença física dos participantes. Nessas circunstâncias, para efeitos comunicativos de maior alcance, faz-se necessária a movimentação espacial dos participantes, ou seja, migrações. As próximas duas invenções significativas na tecnologia das comunicações são, então, a escrita e a impressão. A partir delas foram gerados significativos efeitos de globalização, embora por muito tempo a replicação e o transporte de textos tenha sido uma tarefa difícil e dispendiosa. Depois disso, uma das descontinuidades mais notáveis ​​foi a invenção de meios eletrônicos de comunicação: da teligrafia do século 19 às muitas formas de comunicação baseadas na internet, típicas das sociedades do século XXI. Estas tecnologias não somente facilitam o envolvimento de outros, mas o permitem fazê-lo a qualquer momento, muitas vezes sem diferenças de tempo perceptíveis na comunicação.

A comunicação e a migração são os dois mecanismos básicos na gênese dos sistemas sociais a partir dos quais os sistemas sociais globais surgem. Isso já é verdade no ponto de partida da história dos sistemas sociais, o assentamento de toda o planeta com base nas migrações de uma população (homo sapiens) que surgiu há pouco mais de cem mil anos atrás na África Oriental. Por um longo tempo, as interdependências globais não surgiram disso, pois os espaços abertos pela migração foram rapidamente fechados e os contatos (por exemplo, entre a Eurasia e a América) foram interrompidos por milênios (ou pelo menos foram extremamente raros). Mas, mesmo em nossos dias, a migração é uma alternativa para transferir variantes de significado. Os migrantes que chegam como estrangeiros em algum outro lugar do globo transportam diferentes expectativas e comportamentos. Estes fatores podem tornar-se significativos no novo local – mas, para isso, é necessário comunicação e observação, ou seja, observação dos estrangeiros migrantes pelos participantes locais na comunicação.

De um ponto de vista conceitual sobre a sociedade mundial, é importante destacar o conceito de “observação” como algo para além dos conceitos de “comunicação” e “migração”. Observar significa aplicar distinções a realidades que se espera entender melhor fazendo uso das respectivas distinções. A observação é vinculada a locais intimamente circunscritos por um longo tempo. Pela mesma mídia eletrônica que já mencionamos, a observação é separada de localidades específicas e pode se tornar uma observação mundial. Em qualquer lugar do mundo, posso observar filmes japoneses ou jogos do campeonato inglês de futebol ou mercados de ações mundiais. Em algum momento, todas essas observações serão incluídas nos processos comunicativos (caso contrário, eles não terão relevância social), mas isso acontece com um certo delay.

Além da comunicação, da migração e da observação, o conhecimento é finalmente um fator ou mecanismo adicional nos processos de globalização. O conhecimento que foi descoberto e que se pensa ser relevante em algum lugar do mundo pode, na sociedade atual, se tornar um conhecimento relevante em qualquer outro lugar do mundo. Tal globalização do conhecimento pressupõe comunicação, migração e observação e é impulsionado por todos esses três mecanismos. Num entendimento operacional, ele produz conhecimento sobre seletividade. Sabe-se cada vez mais sobre as alternativas que estão disponíveis em uma perspectiva mundial e pode-se tomar decisões seletivas em vista desse contexto. Claro, pode-se ignorar partes significativas do conhecimento disponível e simplesmente experimentar algo “cegamente”. Mas, imediatamente a isso, essa alternativa cegamente escolhida é introduzida na circulação mundial de estoques de conhecimento. A evolução sociocultural é precisamente esse entendimento, um processo de conhecimento mundial em que a acessibilidade global do conhecimento se torna cada vez mais visível e em que reativações da “cegueira” geralmente ocorrem em alguns pontos. Este processo é orientado por ambientes de seleção que podem ser locais, regionais ou globais. Esses três níveis de seleção se interligam, ou seja, eles criam uma espécie de ordem hierárquica.[2]

2. Virada global

A história das sociedades humanas é repleta de “viradas globais”, se por este conceito se entende a gênese, a formulação e a realização parcial de ideias que se concentram na socialidade como um sistema interconectado. Nesta interpretação, houve viradas globais por mais de 2000 anos.[3] Por exemplo, a ideia de ser um “Cidadão do mundo”, formulada já no final da Roma republicana. Ela apresentou diferentes variantes nos dois milênios seguintes até Immanuel Kant finalmente formulá-la como um “direito universal de visitar”, um direito que se acumula para todos os cidadãos do mundo em qualquer lugar do mundo. Outro exemplo é o “ius gentium” do império romano, reformulado como o “direito das nações” no início da Europa moderna e que já na teoria jurídica espanhola do século XVII permitiu a interpretação de que existe uma Ordem Republicana de todo o Globo que emerge como uma ordem jurídica global unificando os muitos direitos consuetudinários dos povos do mundo. Novamente em Roma, o conceito de “humanidade” (“genus humanum”), finalmente entendido pelo Iluminismo Europeu como um universal social que não permite nenhuma exclusão (por exemplo, exclusões de “bárbaros”, “selvagens” ou “escravos”). Outro exemplo são as ideias de “universal” ou “história mundial”, as quais igualmente possuem raízes na antiguidade, finalmente consolidando-se no início da Europa moderna por meio da ideia de que as histórias de muitos povos do mundo finalmente se juntam em uma teia interligada de eventos.

Após 1800, outras viradas são percebidas e postuladas. Na Alemanha, nas décadas que se seguiram a 1790, há uma espécie de eflorescência de conceitos mundiais, a exemplo de “literatura mundial”, “visão de mundo”, “partes do mundo”, até mesmo “sociedade mundial”. Conectadas a elas, havia uma consciência de que os sistemas mundiais de comunicação se cristalizavam em torno de campos sociais como o comércio, o tráfego, a literatura e a ciência.[4] O “Manifesto Comunista” de Karl Marx, publicado em 1848, pertence claramente a esta argumentação em razão de suas observações sobre a globalização. A segunda metade do século XIX foi, então, significativamente caracterizada pela ideia de que esta é a época do “tráfego mundial”.[5] O “tráfego” aqui mencionado é uma metáfora que inclui circulação e transporte, mídia de comunicação e densidade de eventos comunicativos. Pouco depois, no final do século XIX, o conceito de “Política Mundial” tornou-se importante. Isto foi motivado pela ideia de que, nas décadas vindouras, o mundo político seria cada vez mais dominado por um pequeno número de “potências mundiais” dividindo os territórios do mundo entre si.[6]

A próxima virada, talvez a mais importante para o mundo em que atualmente vivemos, ocorreu perto do final da Segunda Guerra Mundial. Tão logo se pode vislumbrar o resultado da Segunda Guerra Mundial – e isso era fato em 1942/3 – a questão da ordem mundial pós-guerra se tornaria a questão decisiva. E foi aproximadamente neste momento que o conceito de “Sociedade Mundial” se tornou frequente na literatura das ciências sociais.[7] O primeiro livro em língua inglesa a mencionar o termo “Sociedade Mundial” em seu título foi provavelmente escrito por Laura Maples McMullen, “Building the World Society: a Handbook of International Relations” (1931), uma coleção relativamente interessante de pequenos trechos de textos sobre a (primeira) guerra mundial, a economia, o direito internacional, a “Liga das Nações” e outros assuntos.[8] A primeira monografia sobre a Sociedade Mundial foi publicada dez anos depois, em 1941, por Linden A. Mander: “Fundações da Sociedade Mundial Moderna” (Mander era um cientista político australiano que ensinava na Universidade de Washington, Seattle), um interessante tratado de 910 páginas com sucessivos capítulos que analisavam temas como saúde, crime, dinheiro, conservação de recursos naturais, minorias e outros temas, todos entendidos como problemas mundiais.[9] Desde Mander, outras publicações científicas que traziam o termo “Sociedade Mundial” em seus títulos foram realizadas. Nenhuma delas, no entanto, se concentrou nas dimensões teórico-conceituais da sociedade mundial. A compreensão desse macrossistema foi mais informal, tomando sociedade internacional como sociedade mundial. Na literatura de língua alemã, o conceito “Weltgesellschaft” surgiu cerca de vinte anos depois, provavelmente não antes do final dos anos sessenta, onde é documentado como título de conferências e palestras, algumas delas nas academias das igrejas protestantes. Nesses ambientes religiosos, o foco frequentemente recaia sobre a sociedade mundial como um sistema futuro baseado em um novo tipo de comunidade.[10]

Há ainda uma virada adicional no final dos anos sessenta e no início dos anos setenta. Pela primeira vez podem ser verificadas teorias sociais explícitas da sociedade mundial. Elas foram escritas de maneira independente, sendo seus autores provenientes de vários países diferentes, com antecedentes disciplinares diversos e com mínima influência recíproca entre si. Os autores mais relevantes são o sociólogo suíço e especialista em desenvolvimento Peter Heintz,[11] o Diplomata australiano, fazendeiro e cientista político John W. Wardton,[12] o marxista americano, sociólogo e especialista em África, Immanuel Wallerstein,[13] o sociólogo da educação norte-americano John W. Meyer[14] e o sociólogo alemão Niklas Luhmann.[15]

Embora os antecedentes disciplinares e profissionais desses cinco autores sejam heterogêneos, há uma convergência notável das teorias por eles propostas. Praticamente todas elas são teorias sobre inter-relações e conectividades com emprego de metáforas obtidas neste campo conceitual (por exemplo, “cobweb” em Burton, “campos” em Peter Heintz, “complexidade” em Luhmann). A maioria dessas teorias utiliza variantes da teoria sociológica dos sistemas, fazem uso de um conceito abstrato de sistemas e de limites que distinguem os sistemas de seus ambientes. O caso concreto das fronteiras espaço-territoriais, característico do sistema político, é então considerado como um problema especial. Finalmente, todas essas teorias postulam uma pluralidade de sistemas funcionalmente especificados (por exemplo, economia, política, ciência, mídia de massa), o que retira da política (e da economia) o primado, que muitas vezes foi reivindicado, do controle do mundo.

Com base nessas teorias, a ideia e o conceito de “sociedade mundial” se tornou parte da cultura das ciências sociais. Mas isso não encerra a evolução contínua de outros conceitos (não científicos, intelectuais) da globalização. A partir deste ponto, temos um discurso científico e popular (pertencente à chamada “esfera pública”) sobre a sociedade mundial e sobre a globalização. Hoje, o conceito mais elegante de globalização tem principalmente movido a “sociedade mundial” para o domínio da comunicação científica. Há aspectos nos quais alguém poderá se lamentar: “A sociedade mundial”, como um conceito que aponta para as estruturas de um sistema global emergente, tem a vantagem de que se faz necessária a apresentação de descrições estruturais precisas e isto pode, mesmo nos aspectos normativos (olhando para os direitos humanos e questões ecológicas), ser o conceito mais atraente.

3. Consequências

Do ponto de vista das ciências sociais, a sociedade mundial não é o sistema no qual tudo está conectado a tudo e em que as interdependências globais tornam-se mais importantes do que as relevâncias locais. Ambas as teses são corretas em alguns aspectos, mas, ao mesmo tempo, supomos que elas não permitem uma descrição diferenciada suficientemente interessante e convincente da sociedade mundial. É melhor analisar a sociedade mundial por meio da avaliação das estruturas que se tornam as estruturas principais do sistema emergente da sociedade mundial e que ligam as diferenças regionais à sociedade mundial. Nós as denominamos “Estruturas-próprias” (Eigenstructures) da sociedade mundial. As mais importantes delas serão apresentadas e discutidas a seguir. Essas Estruturas-próprias (Eigenstructures), conforme veremos na sequência, são geralmente ligadas a descrições totalizantes da sociedade mundial. Nenhuma dessas descrições totalizantes é favorecida aqui. Preferimos apontar para a pluralidade dessas descrições como um indicador da complexidade estrutural da sociedade mundial.

Entre as Estruturas-próprias, a diferenciação funcional é a dimensão mais notável e importante.[16] A diferenciação funcional apresenta muitas facetas, mas, para o argumento neste texto, a hipótese, sem qualquer exceção, de que todos os sistemas de função são sistemas de comunicação mundiais é o mais distintivo. Esta interligação mundial surge porque a comunicação em sistemas de função dissolve a maioria dos vínculos com os princípios mais antigos da formação das estruturas (estratificação, famílias). Se olharmos para os esportes modernos, por exemplo, pode haver regiões nas quais a participação nos esportes olímpicos é ainda reservada para membros dos estratos sociais mais altos. Nas organizações econômicas pode acontecer que os cargos de gestão mais importantes ainda sejam concedidos por tempo considerável aos membros das mesmas famílias burguesas. Mas, assim que ocorra uma competição esportiva realmente mundial (o desaparecimento do princípio amador em esportes Olímpicos que protegeu os estratos tradicionais) e assim que na economia passem a dominar organizações mundiais descentralizadas, que têm um número crescente de dependências estrangeiras, centros estrangeiros de lucro e interesses mundo afora, essas estruturas sociais tradicionais serão, em algum momento, substituídas (muitas vezes durante a crise de uma organização) por um recrutamento de talentos e competências que não serão mais limitados por conexões familiares e estratos.

Do ponto de vista histórico, é preciso dizer que a história da diferenciação dos sistemas de função é provavelmente a história mais importante da história do surgimento da sociedade mundial. Esta história da diferenciação considera um processo que é interessante apenas porque a diferenciação dos sistemas de função não é um processo simultâneo. Em vez disso, é uma história de um processo que se desenvolve por mais de dois mil anos. A diferenciação traz a autonomia dos sistemas de função sequencialmente e não simultaneamente: os fundamentos do direito e da religião como sistemas de conhecimento autônomos já estão colocados na chamada idade axial do primeiro milênio A.C. Isso é verdade para o direito romano e para as religiões abraâmicas e asiáticas, às quais às vezes hoje ainda chamamos de Religiões Mundiais (como todas as religiões tendem a ser Religiões Mundiais no nosso tempo, esse conceito perde sua força distintiva). No outro extremo deste quadro temporal, encontramos os novos sistemas de função da sociedade do século XXI – esporte(s), mídia de massa e talvez turismo – cujos processos de diferenciação avançaram rapidamente. Nos séculos contidos neste intervalo, identificamos fases que são dominadas pela economia e pela política no processo de expansão colonial europeu (entre os séculos XIV e XVIII), mais tarde os sistemas de função foram ligados ao surgimento da subjetividade, como a arte, a educação e as relações íntimas (séculos XVII e XVIII) e, finalmente, os sistemas de função das primeiras experiências do estado de bem-estar formado pelo imperativo da inclusão (educação, mais uma vez, e saúde/doença, séculos XIX e XX). Somente uma mais completa diferenciação de um maior número desses sistemas de função permite que um novo princípio de organização lateral e não hierárquica de comunicação mundial realmente se torne visível.

A sociedade mundial funcionalmente diferenciada dos séculos XX e XXI é, ao mesmo tempo, uma sociedade de redes globais que, assim como as chamadas redes de pequeno mundo (redes sem escala), combinam o princípio da conexão direta ou indireta de um grande número de nós de rede (bilhões de websites, bilhões de indivíduos) com um surpreendentemente curto caminho entre dois pontos dentre os bilhões de nós existentes. Um “mundo pequeno” que pode ser sempre descrito pelo paradoxo de que é, por um lado, um “mundo” (ou seja, grande, não facilmente compreensível, não facilmente contável) e que, por outro lado, é “pequeno”, como qualquer um dos nós de tal rede que podem ser facilmente alcançados, em passos breves, a partir de qualquer outro nó.[17] Uma das características sociologicamente notáveis ​​das pequenas redes mundiais é que elas combinam, de forma sugestiva, o aspecto não-hierárquico da lateralidade (o evitar de uma hierarquia formal de níveis, como pode ser observado na construção organizacional de um estado) com formas específicas de redes de hierarquia e desigualdade. Diferentes nós na rede são caracterizados por meio de diferentes números de laços (indivíduos têm muitos ou poucos amigos, cientistas muitos ou poucos parceiros de cooperação). Esta é uma forma eminente de desigualdade que se auto reforça, pois existem mecanismos de “apego preferencial” que tornam provável que novos laços sejam preferencialmente construídos em relação aos nós que já possuem um número significativo de laços. Para os nós privilegiados, então, acrescenta-se centralidade na rede, o que implica que muitos processos de informação são encaminhados por meio dos nós da rede central. Uma outra interpretação dessas posições centrais diria que o roteamento de muitas comunicações, através desses nós, os revestirá com poder.[18] Eles são “guardiões” (gatekeepers). A partir do momento em que se deseja acessar certos recursos e informações, é preciso apelar para eles e é necessário obter o seu consentimento. O problema do acesso a recursos e informações muitas vezes aponta para terceiros sem vínculos próprios e que são responsáveis pela produção dos guardiões (gatekeepers). Existe uma forte relação matemática entre essas hierarquias nas pequenas redes mundiais e as distâncias surpreendentemente curtas que devem ser observadas mesmo em redes muito extensas.

A originalidade da forma de formação de estrutura chamada rede de pequeno mundo será plausível. Dentro de cada sistema de função, sempre haverá inúmeras pequenas redes mundiais. Por exemplo, ao analisar a diferenciação interna de uma disciplina científica, podemos examiná-la tanto baseando-se na lógica de rede, por meio das relações de cooperação e coautoria, quanto por meio de redes de conceitos que funcionam como a estrutura cognitiva da disciplina. Mas se alguém procura pela unidade geral da disciplina, incluindo a dimensão semântica, os conceitos e todos os tipos de estruturas (a multiplicidade das estruturas sociais da disciplina), é provável que uma análise baseada na lógica de rede não seja o melhor instrumento. A este respeito – na busca pela unidade de uma disciplina – precisamos da teoria da diferenciação funcional e da percepção correlacionada acerca da diferenciação interna da ciência em uma pluralidade de sistemas de comunicação disciplinar.

Uma terceira forma de formação de estrutura global é a organização formal. As organizações são baseadas na associação, ou seja, para cada indivíduo, elas se deparam com quem possui interesse na adesão e devem tomar uma decisão sobre sua inclusão como membro. Sendo a adesão baseada em decisões tomadas pela organização, é verdade que, para todas as outras operações internas da organização, as decisões finalmente resultarão em uma decisão sendo tomada. Todos os tipos de decisões tomadas pela organização, portanto, funcionam como premissas para operações sucessivas e para outras decisões. É essa capacidade de tomar decisões que distingue a organização do sistema de função e da rede, pois ambas não podem tomar decisões. A globalidade da organização, como outro de seus atributos modernos, é provocada pelo fato de que é relativamente fácil replicar organizações. Pode-se criar empresas econômicas, igrejas e universidades em todo o mundo para que, em todos esses três e outros casos (clubes esportivos, hospitais) observemos organizações que existem em formas similares em todas as regiões do mundo. E pode-se decompor, numa mesma e única macro organização globalmente orientada, dezenas ou até mesmo centenas de subsidiárias regionais que garantem a presença da respectiva organização macro em qualquer lugar do mundo. Entre as suborganizações de uma organização macro e entre as organizações com foco temático nas perspectivas de um sistema de funções surgem redes globais de organizações que acentuam a complementaridade e a intensificação recíproca das três formas de formação de estrutura: sistema de função, rede de pequeno mundo e organização.

A quarta forma de formação de estrutura é a “comunidade epistêmica”. A comunidade epistêmica, mais do que as três primeiras formas debatidas, encarna os aspectos em que a sociedade mundial atual é uma “sociedade do conhecimento”.[19] As comunidades epistemológicas, assim como as comunidades, incluem todos aqueles que, como participantes dessas comunidades, são obrigados a um certo repertório de premissas normativas e cognitivas constitutivas da comunidade. Elas não precisam ser organizadas (embora isso possa ocorrer com mais frequência nos dias atuais) e não são idênticas a uma rede de pequeno mundo pois, em uma comunidade epistêmica, a vinculação entre cognições e normas é mais assegurada por observações recíprocas dos participantes da comunidade do que por laços de cooperação e comunicação. Em alguns aspectos, uma comunidade epistêmica é mais fortemente unida pela solidariedade “mecânica” das comunidades do que pela solidariedade “orgânica” dos sistemas de função e das pequenas redes mundiais. [20] Um bom caso e um caso de teste para o conceito de comunidade epistêmica podem ser a comunidade mundial epistêmica de jogadores de xadrez. Não se trata de um sistema de função, pois falta a inclusão universalizante de cada indivíduo no mundo e a afirmação de que ele representa uma perspectiva presente no mundo potencialmente relevante para todos. Não é parte de outro sistema de função, por exemplo, não um subsistema do sistema de função do esporte, pois a adesão do xadrez ao esporte é mais honorífica do que real. Ela é apenas parcialmente organizada, sendo que a maioria dos jogadores de xadrez do mundo provavelmente não é membro de nenhuma organização que represente esse interesse. E a comunidade epistêmica de jogadores de xadrez não é idêntica à rede de pequeno mundo dos jogadores que competem uns contra os outros nos jogos online na internet. Existem tais redes, mas elas são apenas uma parte do mundo do xadrez. Portanto, o xadrez parece ser, antes de tudo, uma comunidade epistêmica sustentada por meio de reflexões (de aberturas, jogos finais e jogos).

A quinta forma de formação de estrutura são os “sistemas de interação global”. Eles surgem por meio da combinação entre a forma social elementar chamada “interação” ou “sistema social simples” ou “encontro” e as possibilidades de presença virtual de outros individuais oferecidas pela moderna mídia de telecomunicações.[21] Diante disso, ainda é um sistema de interação definido pela coesão perceptual de todos os participantes. Contudo, existe a possibilidade de participação individual dada por meio da inclusão virtual daqueles que, no momento presente, permanecem em outros lugares.

A lista de formas de formação de estrutura é uma lista aberta. Isso é duplamente verdadeiro. Pode haver outras formas de formação de estrutura que ainda não entendemos suficientemente até que possamos adicioná-las à lista. E, e provavelmente ainda mais importante, a evolução sociocultural pode, durante curtos ou longos períodos de tempo, adicionar novas formas de formação de estrutura e mudar as formas que já conhecemos. Como último ponto, temos que enfatizar que, entre as formas de autoprodução da sociedade mundial, não precisamos apenas contar as estruturas como as discutimos aqui. Existe, paralelo às estruturas, o surgimento da sociedade mundial sob a forma de “eventos”, os quais simplesmente acontecem e tornam a sociedade mundial visível como o mundo em que vivemos. Melhor, eles são eventos organizados e encenados, e isso os torna cada vez mais relevantes, de modo que tais eventos organizados incorporam uma variante importante da auto-experiência e auto-organização da sociedade mundial.

Para os tipos de eventos sobre os quais falamos, é plausível fazer uso do nome “eventos mundiais”.[22] Os eventos mundiais são concentrações temporariamente limitadas de ações e acontecimentos espacialmente localizados aos quais são adicionados (de forma planejada ou não) um “significado mundial” que normalmente não é atribuído à maioria dos eventos no mundo. Este “significado mundial” de alguns eventos deve ser entendido, em primeiro lugar, de maneira a considerar o tema da inclusão social. Isso significa que um evento mundial pode ser relevante para todos. Além disso, há uma dimensão material da compreensão do “significado mundial” dos eventos. Isso significaria que, no respectivo domínio de significado (por exemplo, política, economia, religião), há quase nada que não será afetado por um evento mundial.

Distinguimos quatro tipos de eventos mundiais. Em primeiro lugar, há “eventos mundiais naturais” (a maioria deles catástrofes naturais), e, provavelmente, o primeiro caso foi o terremoto de Lisboa de 1755 que, em sua força devastadora (devido a um tsunami a ele associado), impactou em poucos dias toda a Europa de uma maneira que nunca havia ocorrido anteriormente. Pelas explicações apresentadas, esse evento foi vinculado a outras esferas, por exemplo, a religião, especialmente com relação a saber se o terremoto foi produto da ira de Deus bem como quais falhas humanas tinham sido responsáveis ​​pelo terremoto. Em segundo lugar, há eventos histórico-morais mundiais, ou seja, concatenações societárias que podem durar anos ou mesmo décadas, mas que são, às vezes, retrospectivamente interpretados como eventos macro singulares que são, assim, tão importantes a ponto de apresentar consequências sobre aspectos variados da vida social em todo o planeta. À essa categoria de acontecimentos pertencem, entre outros, as revoluções Francesa e Russa, a crise de julho de 1914, a “Grande Guerra” (Primeira Guerra Mundial) e a Segunda Guerra Mundial (de 1939 a 1945, iniciada mais cedo na Ásia). Há, então, um terceiro tipo de evento mundial, bem conhecido de todos atualmente, são os “eventos mundiais planejados”. Eles são, desde o início, gerenciados por etapas para, assim, obter significado mundial, visando a inclusão social global. A primeira Exposição Mundial, realizada no Palácio de Cristal de Londres em 1851, pode ter sido o seu primeiro exemplo (naquela época ainda chamada “Exposição de todas as nações”). Desde então, observa-se uma diversificação funcional contínua de eventos mundiais planejados ao longo das linhas divisórias dos sistemas de função da sociedade mundial. Às vezes, há eventos mundiais mesmo antes de um sistema de função realmente ter sido estabelecido, como se pode verificar no caso do esporte, onde existiram campeonatos mundiais e Olimpíadas que tinham poucos participantes, e, então, a disponibilidade de eventos mundiais impulsionou a diferenciação do sistema. O quarto tipo são os “eventos mundiais de mídia”, os quais, supostamente, representam eventos mundiais. Em alguns aspectos, estes eventos não caracterizam um tipo próprio. É mais uma novidade e, consequentemente, condição universal para a ampliação e mesmo produção de eventos com base na sua representação nos meios de comunicação de massa. Especialmente o potencial e, às vezes, real potencial de inclusão global de bilhões de observadores em tempo real, os quais fazem do mundo inteiro, por um curto espaço de tempo, um sistema de interação, o que é algo singular criado pela mídia eletrônica. Este fato, a saber, o surgimento de eventos mundiais como eventos mundiais de mídia, demonstra mais uma vez uma característica da sociedade mundial, que é a unidade entre formação de estrutura e autodescrição.

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Notas

[1] Luhmann, Niklas. 1984. “Kommunikation und Handlung.” Pp. 191-240 in Soziale Systeme: Grundriß einer allgemeinen Theorie. Frankfurt a. M.: Suhrkamp.

[2] Campbell, Donald T. 1988. Methodology and Epistemology for Social Science. Chicago: University of Chicago Press.

[3] Stichweh, Rudolf. 2008a. “Selbstbeschreibung der Weltgesellschaft.” Pp. 21-53 in Selbstbilder und Fremdbilder. Repräsentationen sozialer Ordnung im Wandel, editado por Jörg Baberowski, Hartmut Kaelble e Jürgen Schriewer. Frankfurt a.M.: Campus.

[4] Koch, Manfred. 2002. Weimaraner Weltbewohner. Zur Genese von Goethes Begriff “Weltliteratur”. Tübingen: Max Niemeyer.

[5] Wirth, Albrecht. 1906. Der Weltverkehr. Frankfurt a.M.: Rütten und Loening. Schwedler, Wilhelm. 1922. Die Nachricht im Weltverkehr. Kritische Bemerkungen über das internationale Nachrichtenwesen vor und nach dem Weltkriege. Berlin: Deutsche Verlagsgesellschaft für Politik und Geschichte.

[6] Clark, Christopher. 2013. The Sleepwalkers. How Europe Went to War in 1914. London: Penguin Books.

[7] Isso pode ser facilmente examinado por meio da busca do termo “Sociedade Mundial” no Google Ngram. Há um aumento acentuado de citações em torno de 1942 e, em alemão, é apenas na década de 1960 que a palavra é usada com frequência, embora exista evidências do uso do termo pelos alemães por volta de 1800.

[8] Maples McMullen, Laura. 1931. Building the World Society. A Handbook of International Relations. New York: McGraw-Hill Book Company.

[9] Mander, Linden A. 1941. Foundations of Modern World Society. Stanford, Cal.: Stanford U.P.

[10] Dois interessantes documentos políticos nos quais o conceito de sociedade mundial pode ser encontrado são o “Programa Berlim”, do Partido Social Democrata (SPD) de 1989, e a versão revisada, validade até 2007, adotada em Leipzig em 1998. No “Programa Hamburgo” de 2007, o conceito “Sociedade Mundial” foi completamente substituído por “Globalização”. Em nenhum dos programas do Partido Cristão a palavra “sociedade mundial” é mencionada. É característico dos programas social democratas a ênfase no conceito como sendo uma facticidade. Eles exigem um caráter democrático da sociedade mundial, lembrando que a sociedade mundial ainda não é uma ordem de paz, além de destacar a interdependência da sociedade mundial e da ecologia, sendo esta talvez a declaração mais programática. Isso, também, é um bom indicador para uma virada global. Os problemas ecológicos mais do que qualquer outro problema, só podem ser tratados como problemas mundiais.

[11] Heintz, Peter. 1982. Die Weltgesellschaft im Spiegel von Ereignissen. Diessenhofen: Rüegger.

[12] Burton, John W. 1972. World Society. Cambridge: Cambridge U.P.

[13] Wallerstein, Immanuel. 1974. The Modern World-System. Capitalist Agriculture and the Origins of the European World-Economy in the Sixteenth Century. New York: Academic Press.

[14] Meyer, John W. 2010. World Society. The Writings of John W. Meyer. New York: Oxford U.P.

[15] Luhmann, Niklas. 1971. “Die Weltgesellschaft.” Pp. 51-71 in Soziologische Aufklärung 2. Aufsätze zur Theorie der Gesellschaft, editado por Niklas Luhmann. Opladen: Westdeutscher Verlag. Outros autores poderiam ser incluídos, por exemplo o jurista e sociólogo de Groningen, Bart Landheer. Landheer, Bart. 1966. On the Sociology of International Law and International Society. Den Haag: Martinus Nijhoff.

[16] Stichweh, Rudolf. 2010. “Funktionale Differenzierung der Weltgesellschaft.” Pp. 299-306 in Soziologische Theorie kontrovers (Sonderband 50 der Kölner Zeitschrift für Soziologie und Sozialpsychologie), editado por Gert Albert e Steffen Sigmund. Wiesbaden: VS Verlag. —. 2013. “The History and Systematics of Functional Differentiation in Sociology.” Pp. 50-70 in Bringing Sociology to International Relations. World Politics as Differentiation Theory, editado por Mathias Albert, Barry Buzan e Michael Zürn. Cambridge: Cambridge U.P.

[17] Easley, David , and Jon Kleinberg. 2010. Networks, Crowds, and Markets. Reasoning about a Highly Connected World. Cambridge: Cambridge U.P.

[18] Burt, Ronald S. 1992. Structural Holes. The Social Structure of Competition. Cambridge, Mass.: Harvard U.P.

[19] Stichweh, Rudolf. 2014. “Wissensordnungen und Wissensproduktion im 21. Jahrhundert.” Merkur 68(4):336- 44.

[20] Durkheim, Émile. 1893. De la division du travail social. Paris: P.U.F. 1973.

[21] Goffman, Erving. 1983. “The Interaction Order.” American Sociological Review 48(1):1-17.

[22] Stichweh, Rudolf. 2008b. “Zur Soziologie des Weltereignisses.” Pp. 17-40 in Weltereignisse. Theoretische und empirische Perspektiven, editado por Stefan Nacke, René Unkelbach e Tobias Werron. Wiesbaden: VS Verlag für Sozialwissenschaften

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