Professor Frédéric Vandenberghe
Horário: terça feira, das 16 às 19 horas
Em vez de uma introdução, esse curso propõe uma ‘reconstrução racional’ da obra dos clássicos da sociologia com o intento de descobrir a questão a qual eles tentaram responder. A volta aos clássicos (Marx, Weber e Durkheim, mas também Saint simon, Comte, Spencer, Mauss e Simmel) não se fará num espírito antiquário, mas com a convicção de que a sociologia contemporânea ganharia com uma atualização do projeto de uma teoria geral da modernidade, das suas promessas e de seus desafios. Apesar da distância temporal e espacial que nos separa da sociologia nascente, os processos sociais fundamentais da industrialização (Saint Simon), positivação (Comte), exploração (Marx), diferenciação (Durkheim), racionalização (Weber) e da individualização (Simmel) continuam a estruturar as sociedades contemporâneas. Se os clássicos ainda têm alguma relevância para nós, não é só porque eles souberam integrar as suas análises das estruturas, dos processos e das práticas sociais numa grande narrativa sobre a modernidade, mas também porque eles não separavam a filosofia da sociologia, a teoria da empiria, nem a análise da diagnose. Recuar para avançar…
Introdução: Historia e sistemática da sociologia clássica
Habermas, J. (2001): “Sociologia na republica de Weimar”, in Textos e contextos, pp. 173-193. Lisboa: Instituto Piaget.
Vandenberghe, F. (2012): “Metateoria, teoria social, teoria sociológica”, in Uma história filosófica da sociologia alemã. Alienação e reificação. Vol. 1: Marx, Simmel, Weber e Lukács, pp. 11-37. São Paulo: Annablume.
Leitura de apoio
Alexander, J. C. (1987-1988): Theoretical Logic in Sociology, 4 vols. Berkeley: University of California Press.
Coser, L. (1971): Masters of Sociological Thought. Nova York: Free Press.
Giddens, A. (1976): Capitalismo e Moderna Teoria Social. Lisboa: Ed. Presença/ Martins Fontes.
Kumar, K. (1986): Prophecy and Progress. Londres: Penguin.
Nisbet, R. (1966): The Sociological Tradition. Nova York: Basic Books.
Seidman, S. (1983): Liberalism and the Origins of European Social Theory. Berkeley: University of California Press.
- A sociologia victoriana
Saint Simon e Auguste Comte (1 aula)
Saint Simon, C.H. [1839] “De l’organisation sociale”, pp. 261-314 in Oeuvres choisies de Saint Simon. Bruxelles: E. Flatau.
Comte, A. [1830-1842]: Cours de philosophie positive, lições 1 e 48. Paris: Hermann.
Comte, A. [1851]: “Conclusion générale du Discours préliminaire sur l´ensemble du positivisme”, in Système de politique positive, ou Traité de sociologie, Vol. 1, pp. 321-399. Paris: Carelian-Gouery.
Leitura de apoio
Gouhier, H. (1965) : La vie d’Auguste Comte. Paris: Vrin.
Karsenti, B. (2006): Politique de l’esprit. Auguste Comte et la naissance de la science sociale. Paris: Hermann.
Manuel, F. (1963): The New World of Henri Saint-Simon. Indiana: University of notre Dame.
Herbert Spencer (1 aula)
Spencer, H. [1873]: “The Nature of Social Science” in The Study of Sociology, pp. 48-71. Londres: Appleton & Cie.
Spencer, H. [1891]: “The Social Organism”, in Essays: Scientific, Political and Speculative, Vol. 1, pp. 265-307. Londres: Williams and Norgate.
Spencer, H. [189X]: Structure, Function and Evolution, pp. 67-92. Nova York: Scribner, 1971.
Leitura de apoio
Peel, D. (1971): Herbert Spencer. The Evolution of a Sociologist. Nova York: Basic Books.
Weinstein, D. (1998): Equal Freedom and Utility: Herbert Spencer’s Liberal Utilitarianism. Cambridge: Cambridge University Press.
Karl Marx e Friedrich Engels (2 aulas)
Engels, F. [1847]: “Draft of a Communist Confession of Faith” https://www.marxists.org/archive/marx/works/1847/06/09.htm
Lênin, V. I. [1913]: “As três fontes e as três partes constitutivas do Marxismo”, in Obras Escolhidas, vol. 1, pp. 35-39. Lisboa: Ed. Avante! 1977.
Marx, K. [1844]: “Excerpts from James Mill´s Elements of Political Economy”, pp. 259-278 in Early Writings. Londres: Penguin, 1975.
Marx, K. [1847]: “Trabalho assalariado e capital”, , pp. 52-82 in Max/Engels: Obras escolhidas, vol. 1. São Paulo: Alfa Omega, s/d.
Marx, K. [1859]: Contribuição à crítica da economia política, pp. 3-8 (Prefácio), 246-258 (O método da economia política). São Paulo: Martins Fontes, 2006.
Marx, K. [1868]: O Capital. Crítica da economia política, vol. 1, cap. 1-5. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 2010.
Leitura de apoio
Avineri, S. (1968) The Social and Political Thought of Karl Marx. Cambridge: Cambridge University Press.
Gouldner, A. (1980): The Two Marxisms. Contradictions and Anomalies in the Development of Theory. Oxford: Oxford University Press.
Harvey, D. (2013): Para entender o Capital, vol. 1. São Paulo: Boitempo.
McLellan, D. (1990): Karl Marx: Vida e Pensamento. Petrópolis, Vozes.
Postone, M. (2014): Tempo, Trabalho e Dominação Social: Uma Reinterpretação da Teoria Crítica de Marx. São Paulo: Boitempo.
- A sociologia da Belle Époque
Ferdinand Tönnies (1 aula)
Tönnies [1887]: Comunidad y Sociedad. Buenos Aires: Losada, 1947.
Tönnies, F. [1931]: Principios de Sociologia. México: Fondo de Cultura Económica, 1942. [1931].
Tönnies, F. (1971): On Sociology: Pure, Applied, and Empirical. Selected Writings. Chicago: Chicago university Press.
Leitura de apoio
Cahnman, W. ed. (1973): Ferdinand Tönnies: A New Evaluation. Leiden Brill.
Liebersohn, H. (1988): Fate and Utopia in German Sociology, Cambridge: MIT.
Miranda, O. (1995): Para ler Ferdinand Tönnies. São Paulo: EDUSP.
Mitzman, A. (1973): Sociology and Estrangement. Three Sociologists of Imperial Germany (Tönnies, Sombart, Michels). Nova York: Knopf.
Émile Durkheim (2 aulas)
Durkheim, E. [1888]: “Curso de ciência social. Lição de abertura”, pp. 75-102 (cap. 1) in A ciência social e a ação. São Paulo: difel, 1970.
Durkheim, E. [1889]: “A Review of Ferdinand Tönnies’s Gemeinschaft und Gesellschaft”, American Journal of Sociology, 1972, Vol. 77, No. 6, pp. 1193-1199
Durkheim, E. [1898]: “O individualismo e os intelectuais”, pp. 235-249 in A ciência social e a ação. São Paulo: Difel.
Durkheim, E. [1901]: “Prefacio da segunda edição”, pp. XV-XXXIII in As Regras do Método Sociológico,
Durkheim, E. [1902]: Da divisão do trabalho social. Prefácio à Segunda edição (pp. v-xli) e Livro I, cap.7 (pp. 185-220). São Paulo: Martins Fontes.
Durkheim, E. [1912]: As formas elementares da vida religiosa, Introdução, Cap. I do Livro I e Conclusão. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
Durkheim, E. [1914]: “O problema religioso e a dualidade da natureza humana”, Religião e Sociedade, 1977, n. 2, pp. 1-27.
Durkheim, E. [1950): Lições de sociologia (lições 5 e 7), pp. 77-89 e pp. 107-118. São Paulo: Martins Fontes, 2002,
Leitura de apoio
Hamilton, P., org. (1990): Emile Durkheim. Critical Assessments, 6 vols. Londres: Routledge.
Alpert, H. (1961): Durkheim and his Sociology. Nova York: Russell.
Lukes, S. (1973): Emile Durkheim. His Life and Work. Londres: Penguin.
Pickering, A. (2009): Durkheim´s Sociology of Religion. Themes and Theories. Cambridge: J. Clarke.
Rawls, A. (2005): Epistemology and Practice: Durkheim’s The Elementary Forms of Religious Life. Cambridge: Cambridge University Press.
Marcel Mauss (1 aula)
Fauconnet, M. e Mauss, M. [1901]: “Sociologia”, pp. 3-33 in Ensaios de Sociologia. São Paulo: Ed. Perspectiva, 1999.
Mauss, M. [1925]: “Ensaio sobre a dadiva. Forma e razão da troca nas sociedades arcaicas”, in Antropologia e sociologia, pp. 185-265 e 294-314. São Paulo: Cosacnaify, 2003.
Mauss, M. [1927]: “Divisões e Proporções das divisões da Sociologia”, pp. 35-89 in Ensaios de Sociologia. São Paulo: Ed. Perspectiva, 1999.
Leitura de apoio
Caillé, A. (2002): Antropologia do dom. O terceiro paradigma. Petrópolis: Vozes.
Karsenti, B. (1994): Marcel Mauss. Le fait social total. Paris: PUF.
Tarot, C. (1999): De Durkheim à Mauss. L’invention du symbolique. Paris: La Découverte.
III. A sociologia da republica de Weimar
Georg Simmel (1 aula)
Simmel, G. [1908]: “O problema da sociologia” pp. 59-78 in Moraes Filho, E. (org): Georg Simmel: Sociologia. São Paulo: Ática,1983.
Simmel, G. [1908]: “Excursus on Fidelity and Gratitude”, in Sociology. Inquiry in the Construction of Social Forms vol. 2, pp. 517-542.
Simmel, G. [1917]: “A sociabilidade (exemplo de sociologia pura ou formal)”, in Questões fundamentais da sociologia: indivíduo e sociedade, pp. 59-82. Rio de Janeiro: Zahar, 2006.
Leitura de apoio
Frisby, D. (1994): Critical Assessments. 3 vols. Londres: Routledge.
Freund, J. (1981): Introduction”, in Simmel, G.: Sociologie et epistémologie. pp. 7-79. Paris: PUF.
Frisby, D. (1981). Sociological Impressionism. A Reassessment of Georg Simmel´s Thought. Londres: Routledge.
Kracauer, S. (2009): “Georg Simmel”, in O ornamento das massas. Ensaios. Saõ Paulo: Cosacnaify.
Vandenberghe, F. (2005): As sociologias de Georg Simmel. Bauru: Edusc.
Waizbort, L. (2000): As aventuras de Georg Simmel. São Paulo: Editora 34.
Max Weber (2 aulas)
Weber, M. [1904] “A ’Objetividade’ do conhecimento na Ciência Social e Política”, pp. 107-117 e 124-133 in Metodologia das Ciências Sociais (Parte 2). Campinas: Editora da Unicamp, 1992.
Weber, M. [1904-1905]: A ética protestante o espirito do capitalismo (inteiro, sem as notas de rodapé. São Paulo: Companhia das letras, 2004.
Weber, M. [1913/1922]: “Conceitos sociológicos fundamentais”, in Economia e sociedade, vol. 1, pp. 3-35. Brasília: UNB, 2000.
Weber, M. [1917]: “Parlamentarismo e governo numa Alemanha reconstruída”, in Ensaios de sociologia e outros escritos, pp. 72-91. São Paulo: Abril Cultural, 1974.
Weber, Max [1920]: “Introdução do autor”, in A ética protestante e o espírito do capitalismo, pp. 1-15. São Paulo: Pioneira, 1974.
Weber, M. [1922]: Economia e sociedade, vol. 2 cap. 6 (Sociologia da religião)
Leitura de apoio
Hamilton, P., org. (1991): Max Weber. Critical Assessments, 8 vols. Londres: Routledge.
Brubaker, D. (1984): The Limits of Rationality. An Essay on the Social and Moral Thought of Max Weber. Londres: Allen & Unwin.
Gerth, H. e Mills, C.W. (1971): “O homem e sua obra”, in Ensaios de sociologia, pp. 15-94. Rio de Janeiro: Zahar.
Schluchter, W. (2012): Paradoxos da modernidade. Cultura e conduta na teoria de Max Weber. Sao Paulo: Unesp.
Sell, C. E. (2013): Max Weber e a racionalização da vida. Petrópolis: Vozes.
Conclusão: Para acabar com a sociologia clássica
Boa noite. Gostaria de saber se é possível assistir o curso presencialmente no IESP. Obrigada.
Excelente. Gosto disso: revisitar obras, atentos ao rigor, mas sabendo que temos uma pergunta atual para elas. Não somos “devotos”. Somos pesquisadores. Espero q caiba nos debates que “falar em teoria geral da modernidade, das suas promessas e de seus desafios” implicará, como primeiro deles, responder o que os clássicos não viam, não sentiam e não lhes ocupava nem a mente nem o coração: a modernidade inventa a “alteridade” como “subalternidade”, a modernidade inventa o “colonialismo”, o projeto iluminista não “esbarra” apenas com a burocracia desumanizadora ou com o mercado, ela coexiste com uma prática (racional? Irracional?) de violência de outras culturas. A modernidade inventa o “pré-moderno” e nisto há algo grande a ser problematizado. Uma teoria geral da modernidade exigirá q percebamos suas contradições e varaiações, não é? Abçs e um curso incrível p tds vcs.
Bom dia, sou graduando do curso de Licenciatura plena em sociologia e gostaria muito de participar do curso de “Teoria sociológica 1 (2018.1), por Frédéric Vandedenberghe”. Como devo proceder?
Carlos Egberto Vital Pereira.