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Entrevista com Chantal Jaquet – O odor: da sensação à criação, por Marie-Laure Desjardins

Comparado com os outros sentidos, o olfato não é páreo para nenhum. Este parente pobre da percepção seria trocado pelas pessoas por uma visão mais nítida ou uma audição mais fina. Miseráveis ignorantes! Se assim o fizessem, eles perderiam o prazer de uma boa mesa. E ainda mais… a descoberta de novas formas artísticas. Os odores são uma questão de arte, vetores de prazer estético, eis o ponto de vista defendido pela filósofa Chantal Jaquet.

 por Marie-Laure Desjardins

Tradução Diogo Silva Corrêa

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Comparado com os outros sentidos, o olfato não é páreo para nenhum. Este parente pobre da percepção seria trocado pelas pessoas por uma visão mais nítida ou uma audição mais fina. Miseráveis ignorantes! Se assim o fizessem, eles perderiam o prazer de uma boa mesa. E ainda mais… a descoberta de novas formas artísticas. Os odores são uma questão de arte, vetores de prazer estético, eis o ponto de vista defendido pela filósofa Chantal Jaquet. Após o simpósio internacional sobre criação olfativa organizado por ela, em maio de 2014 em Paris, em colaboração com Roland Salesse e Didier Trotier, um livro foi produzido sob sua direção e foi publicado pela editora Classiques Garnier. L’Art ofactif contemporaine reúne filósofos, historiadores de arte, neurobiólogos, artistas e perfumistas em torno de um questionamento comum das práticas artísticas contemporâneas baseadas em aromas e perfumes. Tal é a oportunidade para colocar online esta entrevista na qual Chantal Jaquet quebra preconceitos e explica como os aromas são como as cores.

O curriculum de Chantal Jaquet é longo e prestigioso. Vamos resumi-lo. Ex-aluna da École Normale Supérieure (ENS), a filósofa é também professora da Universidade de Paris 1 Panthéon-Sorbonne, diretora da Escola de Doutorado em Filosofia, coordenadora do projeto ANR Kôdô – um projeto de pesquisa conduzido com Didier Trotier (CNRS) e com Roland Salesse (INRA) – e autora de vinte livros, notadamente sobre Baruch Spinoza e Francis Bacon. Seu gosto por caminhos filosóficos pouco usuais levou-a a interessar-se pelo corpo e, mais particularmente, por um de seus cinco sentidos, o mais controverso: o olfato. Depois de provar que havia de fato o que refletir a respeito dele, ela se propôs a demonstrar que os odores, como imagens e sons, podiam ser transformados em obras de arte. Da arte japonesa do Kôdô às criações olfativas de Sissel Tolaas, Chantal Jaquet apresenta um quadro das potencialidades artísticas das fragrâncias.

ArtsHebdo|Media (AHM) – O que a levou a trabalhar no olfato?

Chantal Jaquet (CJ) – Meu interesse pelo olfato nasceu na interseção de duas preocupações. A primeira é especificamente filosófica e é a ampliação de uma pesquisa. Em 2001, publiquei um livro que visava reabilitar o corpo na filosofia, com ênfase especial em seu poder artístico. Eu havia olhado para objetos que eram um pouco marginais neste campo, tais como a dança e a arte corporal. Foi importante para mim estudar tudo o que era da ordem sensorial e sensível, o que geralmente era desprezado ou negligenciado por minha disciplina sob o pretexto de que os sentidos são susceptíveis de nos enganar e, portanto, não podem ser uma fonte confiável de conhecimento. Após essa publicação, desejei ampliar o meu trabalho. Pareceu-me que se eu realmente queria entender o poder do corpo, e em particular a sua capacidade artística, teria que demonstrar argumentos que provam a suposta fraqueza de certos sentidos. O olfato tornou-se um objeto privilegiado de reflexão, entre outras coisas porque as produções relacionadas à visão e à audição destacam-se nas artes plásticas. Este não é o caso da perfumaria. Foi preciso combater os preconceitos que se tem do olfato, tratado como um sentido fraco e animalesco. E também tentar ver se não era possível dar-lhe todas as suas cartas de nobreza. A segunda preocupação é de natureza mais íntima. Como muitas pessoas, experimentei o poder mnemônico dos odores de restabelecerem a presença de seres desaparecidos, trazerem à tona memórias enterradas. Um perfume pode dar a sensação carnal do que foi e, ao mesmo tempo, dar origem ao sofrimento diante do que não existe mais. Ela carrega tanto presença quanto ausência. Eu queria questionar a capacidade do odor de libertar pequenos fantasmas, de oferecer, apesar da morte, um sentimento de eternidade.

AHM – Por onde você começou?

CJ- Antes de tudo, tive que legitimar o tema de minha pesquisa do ponto de vista filosófico, ou seja, mostrar que não se tratava de uma especulação frívola sobre um objeto inconsistente. Então, me propus a atacar ideias preconcebidas sobre o olfato a fim de pulverizá-las! A primeira delas defende que não temos a potência odorífica dos animais: nada somos diante do olfato do cão ou das habilidades da borboleta macho que, segundo o entomologista Jean-Henri Fabre, pode sentir o cheiro de uma fêmea a mais de um quilômetro de distância! Essa observação se baseia em particular no trabalho de Darwin, que afirma que os homens perderam grande parte de seu olfato durante sua evolução, pois tinham cada vez menos necessidade de usá-lo para se proteger. Uma melhor utilização da visão e do conhecimento dos alimentos comestíveis significaria que o olfato não seria mais necessário para preservar a vida e, portanto, teria se tornado menos confiável. Em resumo, os detratores do olfato o consideram como um sentido arcaico condenado à desaparição, não tendo nenhum uso para a visão, audição, tato ou mesmo gosto. Para combater este preconceito, procurei mostrar que, por um lado, o gosto não existiria sem o olfato – 90% dele é composto de aromas – e que, por outro lado, esta suposta fraqueza está ligada a uma falta de cultura do nariz em nossas sociedades ocidentais. Para isso, fui procurar documentos antropológicos que atestam que em muitas sociedades, ao contrário, o olfato é valorizado. Em algumas culturas, a hospitalidade se expressa por meio da pulverização perfumada dos convidados ou do ato de respirar o odor de outros. Portanto, o olfato não é considerado um sentido fraco em todos os lugares. Outro exemplo de preconceito faz dele um sentido ingrato e inapropriado. Immanuel Kant explica que, em virtude de sua natureza, o olfato aparece como um sentido antissocial que não favorece as relações entre os homens, considerando que os odores dos outros incomodam, invadem a nossa intimidade e, da mesma forma, atrapalham a nossa liberdade. Podemos desviar o olhar, mas não é possível bloquear nossas narinas permanentemente. As sociedades que cultivam a higiene banem o olfato que pode colocá-las em contato com os sujos e os moribundos. Kant diz até mesmo que o olfato é uma forma de gosto à distância. Enquanto podemos escolher os alimentos que ingerimos, os odores nos penetram sem autorização ou sem pedir permissão. Porém, além desta etiqueta de sentido impróprio, o olfato pode até mesmo ser considerado imoral. Farejar o cheiro de outras pessoas revela algo insalubre. Para contrariar todas essas opiniões preconcebidas, foi necessário mostrar que o olfato pode ser objeto de sociabilidade – através de fragrâncias agradáveis, é claro -, mas também mostrar que a apreciação de um odor é uma questão de convenção, de representação do mundo, que é diferente em função das sociedades, civilizações, zonas geográficas…

AHM – Você pode dar um exemplo?

CJ- Na Índia, quando uma criança retorna a sua casa, seu pai, para recebê-la, cheirará a sua cabeça com ternura. É um sinal de reconhecimento. Nas Ilhas Andaman, os Ngoes – uma população em grande parte extinta – baseiam seu entendimento do mundo nos cheiros e no nariz. Quando dois Ngoes se encontram, eles não perguntam: “Como você está?”, mas “como está seu nariz?”. Dependendo da resposta, segue-se um ritual. Se a pessoa interpelada anuncia uma falta de odor – o próprio princípio da vida –, o código de etiqueta consiste em soprar sobre ela para dar-lhe novos aromas. Ao contrário, se a pessoa indica que tem um excesso de odores, seu interlocutor se sente no dever de aspirar para liberar a pessoa do excesso. Essas trocas mostram que o olfato não é necessariamente um sentido antissocial. Portanto, não há necessariamente uma repugnância em sentir o cheiro da outra pessoa. Alias, a relação amorosa é a prova disso. Neste caso, os humores da pessoa amada não desagradam nunca. Pelo contrário, eles podem até se tornar um fator erótico. Da mesma forma, quando dizemos que o olfato é um sentido sujo porque nos coloca em contato a sujeira, o excremento, é possível contrastar isso com o fato de que todas as religiões valorizaram os odores, sendo o incenso um meio de se aproximar das divindades. O perfume pode, portanto, tornar-se uma mediação entre homens e deuses, uma fonte de elevação. O olfato, que supostamente nos associa à animalidade, também tem a capacidade de nos aproximar dos deuses. Podemos, portanto, opor o cheiro de santidade ao cheiro da sujeira!

AHM – Cheirar é um verbo a ser tomado literal e figurativamente…

CJ – Sim, é. Dependendo de como os outros são percebidos, podemos ou não ser capazes de cheirá-los. O olfato reflete nossa relação com o mundo exterior. Por um lado, há aquele que eu não consigo “farejar” ou não consigo “xinxar”, para dizer de forma vulgar. E, por outro lado, há aquele que me cheira bem, com que é possível estabelecer uma relação de confiança. Dizer que alguém não cheira bem, é dar livre curso ao ódio. Amar o cheiro do outro é, ao contrário, apelar para o nariz do amor. Todos esses impulsos contrários são possíveis com o sentido do olfato. Todos esses elos antinômicos são possíveis com o olfato.

AHM – Como foi forjada a apreensão que nós temos do olfato?

CJ – Por um lado, não devemos negligenciar as ideias nascidas do senso comum, que se espalharam de maneira prosaica, e, por outro lado, o crédito que algumas ideias receberam dos filósofos. Por exemplo, o fato de que o olfato é um sentido fraco foi sustentado desde a antiguidade por Aristóteles, em seu Tratado das sensações. Por seu aspecto ingrato, vimos que o pensamento de Kant foi usado como referência. Entretanto, foram também os próprios filósofos que reabilitaram o olfato. Em particular, Friedrich Nietzsche que o utilizou para discernir o comportamento dos homens, ou seja, para identificar a autenticidade de sua moral. Ele cunhou esta famosa fórmula: “Todo o meu gênio está em minhas narinas“, como aquilo que lhe permite separar a mentira e o vício da virtude. Muito antes dele, Lucrécio realizou uma reflexão sobre o olfato na filosofia, tratando-o como o que permite perceber as mínimas diferenças. Ele então forjou o modelo da sagacidade: ser sagaz é antes de tudo ter faro, saber fazer a triagem entre a verdade e a mentira.

AHM – Então os detratores e defensores do olfato se sucedem ao longo da história?

CJ – Sim, não há uma lógica contínua que consistiria em ter, em primeiro lugar, desacreditado o olfato, depois ficado indiferente a ele para, finalmente, valorizá-lo. O progresso, no sentido científico, não se aplica aqui. Em todas as épocas, houve filósofos para criticá-lo e outros para defendê-lo. Qualquer consideração nesse sentido estará sujeita aos mesmos princípios daqueles que constroem um pensamento. Se se trata de uma filosofia que confia nos sentidos e no corpo, então o sentido do olfato terá seu devido lugar. O inverso também se aplica. Assim, Lucrécio sustenta que cada sentido tem sua própria função e se torna um canal de conhecimento. Ele irá se servir do olfato, por exemplo, para fazer os homens admitirem a existência de átomos. Se percebemos os perfumes sem vê-los, é porque existe uma realidade perfumada além dos sentidos. A invisibilidade de uma coisa, como a dos átomos, não pode, portanto, ser um argumento para invalidar a sua existência.

AHM – Você pode nos dizer mais sobre a capacidade dos odores de influenciar a nossa percepção dos outros?

CJ – A maneira como cheiramos pode influenciar nossos juízos de valor. O odor pode se tornar um princípio de discriminação e preconceito: aqueles que odeio me cheiram mal. Esse fenômeno envolve uma construção intelectual imaginária, às vezes delirante, da qual podemos citar um exemplo paroxístico: durante a Primeira Guerra Mundial, um médico francês chamado Edgar Bérillon forjou o mito do alemão pestilento. Ele teorizou em seu livro La Bromidrose fétide de la race allemande a respeito das causas e dos efeitos desse odor de excremento, chegando a ponto de argumentar que era possível sentir o cheiro dos alemães assim que entravam no espaço aéreo francês! Dou aqui este exemplo, mas devemos lembrar que se o cheiro do inimigo é repugnante, somos sempre inimigos de alguém. Os japoneses, por exemplo, rejeitam o cheiro exalado pelos bebedores de leite ocidentais, chamando-os de “pue-le-beurre“! A mesma coisa, ao contrário, serve para o amor: aquele que eu amo cheira necessariamente bem. Lembre-se de Napoleão ao escrever para Josefina, com quem tinha uma relação carnal muito forte: “Não se lave, estou chegando e em uma semana eu estarei aí!”. Flaubert, por sua vez, respirava as sandálias de Louise Colet. Portanto, é claro que nossa sensibilidade pode ser condicionada pelos julgamentos do nosso nariz.

AHM – Como o olfato é usado na arte?

CJ – Lembramos de Ben – e suas águas em queda – que usavam maus cheiros para expressar o fluxo. Na filosofia, diríamos que ele preferiu o devir em detrimento do ser, a metamorfose em vez da estabilidade. Uma das primeiras formas de arte olfativa é baseada no uso de odores combinados com outras artes que vêm ou para apoiar o propósito e para lhe dar mais força ou para desafiá-lo e ter um efeito filosófico especulativo. As instalações ou performances usam fragrâncias para restaurar, por exemplo, uma presença carnal ou para evidenciar a natureza efêmera de uma coisa. Os alimentos são alterados e exalam odores de putrefação para manifestar uma temporalidade. Os cheiros fugazes e efêmeros permitem exprimir o que é passageiro, adaptar-se a tipos de arte que querem ser móveis ou recusam ser eternas. Artes do perecível. Também podemos usar a discordância entre os sentidos para nos fazer pensar sobre como nossas percepções são construídas. Associar a beleza visual ao mau cheiro, por exemplo, quebra a imagem e nos leva a questionar os pressupostos ligados ao objeto mostrado. Por outro lado, se você associar uma imagem nojenta a um perfume doce, isso mudará a maneira como você a percebe. Em outro registro, Ernesto Neto utiliza os cheiros para explorar a corporeidade, em seus aspectos vivos, evolutivos e carnais. Algumas de suas instalações nos convidam a fazer uma viagem ao interior do corpo. O artista utiliza invólucros têxteis nos quais coloca especiarias que exalam diferentes aromas, como a cúrcuma ou o açafrão. Uma arte que se quer sinestésica, onde todos os sentidos respondem e se complementam. Além dessas formas combinadas, existem outras – para mim as mais interessantes – que se ancoram na força dos odores.

AHM – Então, quais são esses cheiros que são obras de arte em si?

CJ = Vou me limitar a dois exemplos, um histórico e outro contemporâneo. O primeiro, o Kôdô. Ele nasceu por volta do século XVII no Japão. “Kô” é traduzido como “aquilo que é dotado de odor, perfumado” e “dô” como “o caminho”. Literalmente: o caminho dos odores. De modo distinto de sociedades onde os perfumes são utilizados para fins de higiene, sedução ou purificação, os japoneses desenvolveram uma prática influenciada pelo zen budismo que chamavam de escuta do incenso. Escutar e não cheirar. Esta arte consiste em respirar o perfume de diferentes madeiras preciosas – cortadas em pequenas tiras e aquecidas – durante reuniões presididas por um mestre de Kôdô. Uma vez memorizados os cheiros, o mestre circula uma combinação deles, que os participantes devem reconhecer, e depois devem caligrafá-los em uma folha de papel. No final do jogo, a pessoa que identificou as diferentes fragrâncias recebe a folha de caligrafia com os resultados, como uma lembrança desta celebração única de madeiras perfumadas. Podem haver até 52 odores a serem cheirados no início e que podem ser compostos. Saber distingui-los é uma missão impossível para qualquer pessoa sem um olfato educado e treinado. Além disso, estas 52 fragrâncias estão associadas aos 52 capítulos do romance de Genji – escrito no século XI e atribuído a Murasaki Shikibu -, que narra as aventuras de um príncipe na corte de Heian. Os odores combinados podem evocar um capítulo inteiro de literatura. Associados durante a cerimônia do Kôdô, eles oferecem uma viagem a um mundo poético e olfativo sem precedentes. O participante está em pura escuta, em uma total abstração de seu ambiente. Esta arte do efêmero anda de mãos dadas, para os japoneses, com a cultura do evanescente, do impermanente, que se encontra também na contemplação das flores de cerejeira, de uma beleza que está prestes a morrer. O Kôdô se propõe a captar a plenitude do momento através da respiração dos odores. Ela ainda é praticada no Japão e agora é exportada para a França. O outro exemplo mais contemporâneo é oferecido por Sissel Tolaas. Este norueguês, que trabalha em Berlim, é um químico que pretende expressar lugares e emoções através dos odores. Dirty One, por exemplo, é uma combinação de moléculas odoríferas coletadas em um bairro pobre de Londres, que expressa a sua essência. Uma operação renovada pelo artista em diferentes partes da cidade e cujos resultados, dados ao mesmo tempo para serem cheirados, produzem uma arte subversiva que denuncia as desigualdades sociais. No decorrer de suas peregrinações, Sissel Tolaas construiu uma linguagem olfativa: o “nasalo”, que se expressa através de uma espécie de órgão perfumado em que ele armazenou os cheiros dos lugares, que combina para evocar mundos e sensações. Além dos espaços materiais, os odores também podem expressar emoções. Assim, o artista nos permite sentir o odor do medo. Estes odores muito poderosos são moléculas odoríferas extraídas de axilas de 11 homens paranoicos. Espalhado por grandes painéis, o odor restaura a sensação de medo. Podemos perceber claramente que ele está ligado a uma situação de estresse e ansiedade. Após o primeiro movimento de repugnância – um reflexo arcaico motivado pela ansiedade de uma contaminação – o visitante se acostuma, doma este ambiente e termina por aceitá-lo como tal. Isso mostra claramente que nossa repugnância é construída. Olhe para as crianças. Antes de serem condicionados, elas não têm repulsa de seus excrementos. Se você não as observa, elas são capazes de colocá-los na boca e até mesmo de dá-los de presente. Isso mostra que a insuportabilidade não está ligada à natureza de um eflúvio, mas à representação a ele ligada, forjada pela educação que se recebe. Sissel Tolaas também faz o mesmo com a ternura – restaurando o odor único de sua filha de 11 anos -, o amor ou a paixão. Tantos conceitos internos que não se expressam mais através de imagens, mas através de odores. Penso que é possível ir ainda mais longe e criar mundos olfativos que podem, como a tinta e suas cores, expressar o mundo em todas as suas dimensões ou inventar novas formas que seriam puramente abstratas.

Para citar este post:

DESJARDINS, Marie-Laure. Entrevista com Chantal Jaquet – O odor: da sensação à criação. Blog do Labemus, 2021. Disponível em: https://blogdolabemus.com/2021/04/12/entrevista-com-chantal-jaquet-o-odor-:-da-sensação-à-criação

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