A teoria social encontra uma de suas raízes motivacionais em uma espécie de espanto duradouro frente à existência de ordem nas coletividades humanas. Por que a vida societária não descamba mais frequentemente para o caos puro e simples ou, ainda, para uma hobbesiana “guerra de todos contra todos”? A questão pode parecer tanto mais espantosa diante do acento, para o qual convergem diversas abordagens nas ciências sociais, no fato de que ordens sociais não são dados da natureza, mas realidades históricas contingentes cuja continuidade depende das práticas dos agentes humanos. A noção de “segurança ontológica”, ao designar um anseio existencial dos seres humanos por uma experiência do mundo como dotado de ordem e sentido, é comumente apontada como um dos fatores explicativos dos investimentos práticos que os agentes fazem na ordenação da vida social.
Partindo dessas reflexões sobre a historicidade da ordem social e o anelo psíquico por segurança ontológica, a conversa travada neste terceiro episódio do Resenhemus também confronta os seus limites no retrato das relações entre psique e sociedade, quer no plano teórico mais geral, quer no diagnóstico da contemporaneidade.
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