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Capitalismo e transtorno bipolar, por Mark Fisher

O capitalismo, com seus ininterruptos ciclos de expansão e quebra, é ele próprio bipolar, caracterizado por uma oscilação entre a mania hiperestimulada (a exuberância irracional do "pensamento de bolha") e a queda depressiva

Arte do post por Mariana Cavalcanti

Publicação original: “october 6, 1979: capitalism and bipolar disorder”. Post de 2005 publicado no Blog K-Punk: https://k-punk.org/october-6-1979-capitalism-and-bipolar-disorder/

Também presente na coletânea: FISHER, Mark. K-Punk: the collected and unpublished writings of Mark Fisher (2004-2016). AMBROSE, Darren (Org.). London: Repeater, 2018 (p.433-437).

Tradução de Gabriel Peters

Nota do tradutor[i]:

 

O texto que vai abaixo é a tradução de um post que o crítico cultural britânico Mark Fisher (1968-2017) escreveu no seu blog K-Punk em 9 de junho de 2005. A relevância desse pequeno ensaio deriva não só do que ele afirma sobre a relação entre capitalismo e transtorno bipolar, mas também de sua discussão do que Fisher chamou de Realismo Capitalista. Vindo a publicar um livro com esse título em 2009[ii], o autor retratou o realismo capitalista como uma formação ideológica e um sistema de práticas próprios a um cenário sócio-histórico em que, nas palavras de Fredric Jameson e Slavoj Zizek, “é mais fácil imaginar o fim do mundo do que o fim do capitalismo”.

Longe de uma apreensão precisa da realidade, afirma Fisher no post, o realismo capitalista é uma negação delirante do Real. A crença de que o sistema pode e deve continuar a funcionar indefinidamente assim como está, a mesma apresentada por seus ideólogos como realismo implacável, só pode se sustentar fechando os olhos para uma realidade palpável (i.e., que já era palpável quando da escrita do texto por Fisher em 2005): tal qual se encontra, o sistema caminha para a catástrofe socioambiental.

É um tanto sinistro que Fisher, cujas reflexões sobre capitalismo e depressão já foram discutidas nesse blog, tenha escrito o ensaio quase vinte anos atrás: quando a mudança climática era sentida mais como uma ameaça apocalíptica do que como uma realidade catastrófica que já chegou (e vai piorar). No mais, ao rastrear encarnações do realismo capitalista na primeira década dos anos 2000, Fisher encontrava um exemplar no então primeiro-ministro britânico Tony Blair – um tecnocrata neoliberalizante que, a despeito do seu retrospecto desastroso na segunda Guerra do Iraque, tinha um discurso que hoje soa comparativamente “civilizado” frente à tanatofilia niilista dos líderes globais da extrema direita.

Tendo me interessado pela obra de Fisher como pioneira na busca de causas sistêmicas da depressão no capitalismo contemporâneo, bem como na reflexão sobre os impasses ético-políticos resultantes da pandemia de sofrimento depressivo na atualidade, pretendo usar posts subsequentes para esboçar também uma sociologia do “empreendedorismo maníaco” – tema que Fisher sugere no post, mas não chega a perseguir no seu livro posterior sobre o realismo capitalista.  

Se a subjetividade deprimida é a versão colapsada da subjetividade empreendedora, a condição “maníaca” que compõe o transtorno bipolar pode ser lida como uma intensificação radical daqueles atributos psíquicos celebrados pelo discurso empreendedorista: o engajamento prolongado em atividades diversas, associado a volumes diminutos de sono e descanso; a formulação entusiasmada de projetos e empreendimentos ambiciososo espírito “aventureiro” que se dispõe a escapar dos caminhos mais “seguros” através do enfrentamento deliberado de riscos, frequentemente guiado por uma atitude que Fisher chamou, pensando na ideologia gerencial e na literatura de autoajuda, de “voluntarismo mágico”a sociabilidade fluente e plural que procura multiplicar conexões sociais e redes, mas também se desinteressa rapidamente pelos contatos de ontem em favor dos contatos mais interessantes de hoje…

Na medida em que os traços acima parecem se aplicar, ainda que em variados graus, tanto à “subjetividade empreendedora” quanto à “subjetividade em estado de mania”, não surpreende que, no ambiente cultural do capitalismo tardio em que somos exortados a corresponder à primeira, nos vejamos frequentemente fascinados com a segunda[iii]

Volto ao tema depois.  

Abaixo vai o texto, com mais um aceno a Fisher in memoriam:

 

Capitalismo e transtorno bipolar, por Mark Fisher

O realismo não tem a nada a ver com o Real. Ao contrário, o Real é o que o realismo tem de suprimir continuamente.

O realismo capitalista, como o realismo socialista, trata de “pôr uma face humana” e naturalizar um conjunto de determinações políticas. Os comissários do Capital gostam de posar como pragmatistas firmes que dizem verdades não palatáveis e são os únicos capazes de encarar as duras “realidades” do mundo. No entanto, o Capitalismo – tanto na sua versão prestes-a-dominar do Estado Chinês quanto no modelo estadunidense prestes-a-colapsar – se baseia em uma série de fantasias tão crédulas que chegam a ser quase charmosas. Em um poderoso artigo no Independent, Johann Hari traça um paralelo entre a complacência militante da atual elite dominante e o pensamento de grupos sociais altamente desenvolvidos do passado que “cometeram ecocídio”, como os Rapa Nui da Ilha de Páscoa[iv] e os Maias.  “O que diziam os habitantes da Ilha de Páscoa enquanto cortavam a última árvore de sua ilha?”, pergunta Hari citando o geógrafo Jared Diamond em seu livro Colapso: como as sociedades escolhem fracassar ou sobreviver. É sinistro ponderar que as respostas – “empregos, não árvores!” ou “a tecnologia resolverá nossos problemas; não tema nunca, encontraremos um substituto para a madeira” – são precisamente as racionalizações que uma pulsão tanatrópica produziria para fazer seu trabalho. No inconsciente, diz Freud, ninguém acredita que irá morrer, e isto sem dúvida é verdade também para civilizações; as quais, a despeito dos melancólicos monumentos que dão testemunho do desaparecimento dos Maias e dos Rapa Nui na Ilha de Páscoa, estão convencidas de que elas são as exceções, elas são as únicas que não podem perecer.

É fácil ver o que o “realismo” capitalista significa quando se considera a resposta habitual de Tony Blair a apelos vindos do lobby ambientalista. Medidas para conter a ecocatástrofe podem muito bem ser desejáveis – até necessárias -, mas elas, diz Blair com o coração pesado, são “politicamente impossíveis”. Eis aqui, então, o “realismo” capitalista: a redução ao reino do “impossível” de quaisquer passos que previnam a destituição do ambiente humano. Pois é a isto que o “realismo” corresponde: não a uma representação do real, mas a uma determinação do que é politicamente possível. No entanto, o que é politicamente possível está em confronto com que é fisicamente possível, de modo que, em certo sentido, são os agentes servomecânicos do Capital, não seus oponentes, que agora “exigem o impossível”[v]. Sua fantasia de um capitalismo sustentável continuando para sempre, sem exaurir o planeta, é perfeitamente delirante.

Outro insight sobre o realismo capitalista foi oferecido pelo economista marxista Christian Marazzi (Scuola Universitaria Professionale della Svizzera Italiana, Lugano, Suíça), cuja palestra “Finanças, atenção e afeto” na Universidade Goldsmiths (em Londres) foi uma interrogação sobre o significado – e os impactos psicológicos, sociais e neuronais – do Pós-Fordismo. Christian datou o momento da mudança do Fordismo para o Pós-Fordismo muito precisamente: 6 de Outubro de 1979. Foi nessa data que o Banco Central dos Estados Unidos (Federal Reserve) aumentou as taxas de juros em vinte pontos, preparando o caminho para a “economia voltada à oferta (supply-side economics)” que constituiria a “realidade econômica” com a qual agora estamos tão familiarizados.

O aumento nas taxas de juro não apenas conteve a inflação, mas também tornou possível uma nova organização dos meios de produção e distribuição. A economia não seria mais organizada em referência à produção, mas do lado do ponto de venda. A “rigidez” da produção fordista deu lugar a uma nova “flexibilidade”, palavra que lançará arrepios de reconhecimento sobre a espinha de cada trabalhador hoje. Essa flexibilidade foi definida por uma desregulação do capital e do trabalho, com a força de trabalho sendo temporarizada (com um número crescente de trabalhadores empregados em bases temporárias) e externalizada [N. de T.: por exemplo, via terceirização]. 

As novas condições tanto requeriam quanto emergiam de uma crescente cibernetização do ambiente de trabalho. A fábrica fordista estava grosseiramente dividida entre trabalho operário e trabalho de escritório, com os diferentes tipos sendo fisicamente determinados pela própria estrutura da edificação. Trabalhando em ambientes barulhentos, vigiados por gerentes e supervisores, os trabalhadores tinham acesso à linguagem apenas nos seus intervalos, no banheiro, no fim do dia de trabalho ou, ainda, quando estavam engajados em sabotagens, pois a comunicação interrompia a produção. Contudo, no Pós-Fordismo, quando a linha de montagem se torna um “fluxo de informação”, as pessoas trabalham pela comunicação. Como ensinou Norbert Wiener, comunicação e controle requerem um ao outro.

O que Deleuze, após Burroughs e Foucault, chamou de “sociedade do controle” emerge por conta própria nessas condições. O trabalho e a vida tornam-se inseparáveis. Como Christian observou, isto ocorre em parte porque o trabalho é agora, em certa medida, linguístico; e é impossível abandonar a linguagem no armário depois do trabalho. O Capital lhe segue quando você sonha. O tempo deixa de ser linear, tornando-se caótico, puntiforme. Conforme a produção e a distribuição são reestruturadas, os sistemas nervosos também o são. Para funcionar efetivamente como um componente da produção “na hora exata” (just in time), deve-se desenvolver uma capacidade de responder a eventos imprevistos, deve-se aprender a viver em condições de total instabilidade ou “precariedade”, como diz o feio neologismo. Períodos de trabalho se alternam com períodos de desemprego. Tipicamente, o indivíduo se acha empregado em uma série de empregos de curto prazo, incapaz de planejar para o futuro.

Os horrores desses novos padrões de trabalho são claros, mas é imperativo que a esquerda renuncie a um de seus vícios mais perigosos: sua nostalgia pelo Fordismo. Como Christian apontou, a desintegração dos padrões estáveis de trabalho foi, em parte, dirigida pelos desejos dos trabalhadores – eram eles que, de modo bastante acertado, não desejavam trabalhar na mesma fábrica durante quarenta anos. De muitas maneiras, a esquerda nunca se recuperou da armadilha que sofreu do Capital quando este mobilizou e metabolizou o desejo de emancipação em relação à rotina fordista. Especialmente no Reino Unido, os representantes tradicionais da classe trabalhadora – líderes sindicais e trabalhistas – achavam o Fordismo bastante agradável: sua estabilidade de antagonismo dava a eles um papel garantido. Mas isto significava que era fácil para os advogados do Capital Pós-Fordista se apresentarem como oponentes do status quo, resistindo corajosamente contra uma organização inercial do trabalho investida, “sem motivo”, em um antagonismo ideológico infrutífero que servia aos fins de políticos e líderes sindicais, mas fazia pouco para avançar as esperanças da classe que eles se propunham a representar.

E, assim, estava montado o palco para o “fim da história” neoliberal, a justificação ideológica “pós-ideológica” para uma galopante economia voltada à oferta. O antagonismo não está agora localizado externamente, no confronto entre blocos de classe, mas internamente, na psicologia do trabalhador – alguém que, como trabalhador, tem interesse no conflito de classes ao velho estilo, mas, como pessoa com um fundo de pensão, também tem interesse em maximizar seu investimento. Não há mais um inimigo externo identificável. A consequência, como Christian exprime em uma imagem memorável, é que os trabalhadores pós-fordistas são como os judeus do Antigo Testamento após deixarem a “casa da escravidão”: libertos de uma sujeição para a qual não tinham nenhum desejo de retornar, mas também abandonados, emperrados no deserto, confusos a respeito de para onde prosseguir.

O conflito psicológico ocorrendo dentro dos indivíduos – eles próprios são guerra – inevitavelmente produz baixas. Uma consequência escondida – ou, pelo menos, naturalizada – da ascensão do Pós-Fordismo é que a “praga invisível” dos transtornos psiquiátricos que se espalhou, silenciosa e furtivamente, desde por volta de 1750 (i.e., do início mesmo do capitalismo industrial) alcançou um novo nível de intensidade nas últimas duas décadas. Esta é mais uma dimensão do Real que o realismo capitalista é constitutivamente incapaz de processar.

É típico do Novo Trabalhismo[vi] que ele tenha se comprometido, tão cedo no seu terceiro mandato, a remover pessoas do Benefício por Incapacidade, como se a maior parte das pessoas reclamando o benefício estivesse fingindo. Em contraste com essa suposição, não parece irrazoável inferir que a maior parte das pessoas reclamando o Benefício por Incapacidade – e há bem mais do que 2 milhões delas – são vítimas do Capital. Uma significativa proporção de requerentes, por exemplo, são pessoas psicologicamente destruídas em consequência da insistência realista-capitalista de que a mineração não era mais economicamente viável (ainda que, mesmo em termos econômicos brutos, os argumentos sobre “viabilidade” pareçam um tanto menos convincentes quando considerados os custos de tais benefícios para os contribuintes). Muitas simplesmente desabaram sob as condições terrivelmente instáveis do Pós-Fordismo.

A ontologia atualmente dominante descarta qualquer possibilidade de uma causação social da doença mental. A bioquimicalização da doença mental corresponde estritamente, é claro à sua despolitização. Considerar a doença mental como um problema químico-biológico individual confere enormes benefícios ao capitalismo: primeiramente, um reforço do impulso do capital na direção da individualização atomizante (você está doente por causa de sua química cerebral) e, em segundo lugar, a oferta de um mercado enormemente lucrativo em que “psicomáfias” multinacionais podem vender suas duvidosas drogas (podemos curá-lo com nossos ISRS [Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina]). Todas as doenças mentais, desnecessário dizer, são instanciadas neurologicamente, mas isto não diz nada sobre sua causação. Se for verdade, por exemplo, que a depressão é constituída por níveis baixos de serotonina, o que ainda precisa ser explicado é o porquê de indivíduos particulares possuirem níveis baixos de serotonina.

O aumento no transtorno bipolar é um desenvolvimento particularmente significativo. No debate após a palestra de Christian, perguntei a ele sobre o relacionamento entre essa forma de doença mental e o capitalismo como sistema. É nítido que o capitalismo, com seus ininterruptos ciclos de expansão e quebra, é, ele próprio, fundamental e irredutivelmente bipolar. O capitalismo é caracterizado por uma oscilação entre a mania hiperestimulada (a exuberância irracional do “pensamento de bolha”) e a queda depressiva. (O termo “depressão econômica” não é um acidente). Em um grau sem precedentes em qualquer outro sistema social (e o capitalismo, muito precisamente, NÃO É uma “estrutura” social no sentido em que o estado despótico ou o socius primitivo o são), o capitalismo tanto se alimenta dos humores das populações quanto os reproduz. Sem delírio e confiança, o capital não poderia funcionar. Acontece que Christian confirmou estar, de fato, trabalhando com pessoas que haviam sido “psicologicamente esmagadas” pelo capitalismo, muitas das quais, como acabou se revelando, tinham efetivamente desenvolvido transtorno bipolar. Dificilmente seria negável que há um relacionamento isomórfico entre os transtornos sociais e individuais do capitalismo.

Como a loucura não poderia resultar de uma situação em que somos convidados a considerar “realista” que os Estados Unidos estejam consumindo, por ano, 600 bilhões a mais do que o país produz? (Em oposição, dizem a nós, aos programas “irrealistas” de bem-estar social da Europa). Não nos enganemos: os realistas são insanos, o que mais do que nunca revela a força do slogan: “o Real é o impossível, mas o impossível que acontece”. A catástrofe ecológica e a doença mental estão presentes na simulação que embala o capitalismo como deformações, descontinuidades inassimiláveis que, no entanto, não podem ser extirpadas. Talvez esses Reais negativos – essas sombras que nos permitem ver o shopping cheio de luzes da mente, simulado pelo Capital, pelo que ele é – tenham seu complemento em um Real positivo, um evento completamente inconcebível na situação atual, mas que emergirá e redefinirá tudo.

Notas

[i] N de T: Agradeço a Maria Luiza Rêbelo pelas conversas sobre sociologia e saúde mental, a Luísa Peters pela ajuda com duvidinhas sobre a tradução e a Letícia Maria de Luna por me chamar a atenção para o post de Fisher e sua relevância a uma agenda de pesquisa sobre o capitalismo e bipolaridade.

[ii] FISHER, Mark. Capitalist realism: is there no alternative? London: Zero Books, 2009. Tradução brasileira: Realismo capitalista. São Paulo: Autonomia Literária, 2020.

[iii] MARTIN, Emily. Bipolar expeditions. Princeton: Princeton University Press, 2007

[iv] N de T: No post original, Mark Fisher se refere erroneamente aos Incas, povo vitimado pelo colonialismo europeu, como uma sociedade que teria cometido “ecocídio”, possivelmente confundindo-os com os Rapa Nui, habitantes da Ilha de Páscoa dos quais ele trata posteriormente no texto. 

[v] N de T: Referência irônica ao slogan de esquerda “Seja realista! Exija o impossível!” que marcou os protestos do movimento estudantil de Maio de 68 na França.

[vi] N de T: A corrente e o programa políticos representados por Tony Blair.

6 comentários em “Capitalismo e transtorno bipolar, por Mark Fisher

  1. Paulo Henrique Martins

    Considero esta resenha uma contribuição relevante para reforçar o diagnóstico oportuno e original sobre a psicopatologia contemporânea feito pelo Fisher. Mas também considero esta resenha uma homenagem merecida a um intelectual brilhante e visionário que partiu tão cedo. Menos de 50 anos. Valeu Gabriel.

  2. carolsbsantana

    BEM! Pode usar xingamento? Desculpe, mas que texto foda! tenho uma porra de um diagnóstico de transtorno bipolar e esse texto me caiu como uma bomba, ou como uma luva, sei lá… detalhe: sou psicóloga – fui tua aluna na UFBA rs… até hoje não entendo pq me aprovaste… eu DORMIA na aula, DOPADA, DORMIA NA AULA DE GABRIEL PETERS! PQP! ME PERDOA! – tu nem deve lembrar de mim rs… (se bem que sua memória é monstruosa). Obrigada pelo texto, por ser um professor incrível, e perdoe os xingamentos e a escrita desesperada e desesperadora. Espero em algum momento trazer uma reflexão digna…

    • bloglabemus

      Oi, Carol! Que comentário ótimo o seu! Senti algum suspense no início, já que o anúncio de um xingamento me fez pensar que poderia vir uma crítica pesada, hehehe. De todo modo, gostei tanto do seu relato que nem vou lhe perguntar como sabe se fui, de fato, um “professor incrível”, já que você estava dormindo na minha aula 😜 Abraço grande e se cuida, please!

      • carolsbsantana

        hahahahahaha posso ter dormido na aula, mas eu estou devorando seus textos/artigos etc etc. Vc é ótimo! obrigada! Tô tentando me cuidar e dormir menos ahahhahaha

  3. Moisés Cruz Souza

    Que texto interessante. Especialmente quando ele fala que “há um relacionamento isomórfico entre os transtornos sociais e individuais do capitalismo”. Seria legal ver o desenvolvimento da ideia de transtorno social e, especialmente, a de isomorfismo.
    Será que retornar à eficácia simbólica do Lévi-Strauss precisaria passar por algum tipo de Althusser? 😩😩😩

    • bloglabemus

      Oi, Moisés! De fato, analogias, homologias, isomorfismos e que tais podem ser sugestões heurísticas úteis de influências causais possíveis, mas não provam, por si sós, que tais influências existam. Em alguns casos, entretanto, as aproximações são tão gritantes que fazem suspeitar que os mesmos mecanismos psicossociais estejam operando em âmbito individual e coletivo. Me impressionou o fato de que o Fisher tenha publicado tal texto em 2005, em pleno ímpeto “maníaco” do mercado financeiro que levaria à catástrofe de 2008 e à subsequente depressão. Como o indivíduo que, ao mergulhar no estado depressivo, descobre que acumulou uma dívida gigantesca pelos empréstimos que contraiu no estado maníaco, os efeitos devastadores da crise no final da primeira década dos anos 2000 podem ser lidos como a “conta” civilizacional da valorização ideológica da “mania” que acompanhou tanto da irresponsabilidade capitalista nos anos pregressos. Há, no entanto, uma diferença importante: diferentemente do indivíduo que arca com os custos de sua (ir)responsabilidade, a qual é frequentemente uma vulnerabilidade psíquica às artimanhas daquelas entidades financeiras que emprestam a juros e prendem as pessoas em círculos inescapáveis de dívida (instituições maníacas, digamos, explorando e f*&¨%dendo pessoas em estado de mania…e não só elas), as respostas à crise tenderam a premiar seus causadores (p.ex., bancos) e a socializar o pagamento daquela conta para os comuns dos mortais. Enfim, muito pano para manga. Mas dá para discutir tudo isso sem passagem obrigatória por Althusser, hehehe. Abraço

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